Sempre lembro aos meus pacientes que toda cirurgia plástica deixa cicatriz, seja ela visível ou não. Pensando em se livrar delas, muitos desses pacientes me perguntam sobre a cola cirúrgica, acreditando que, ao contrário dos fios de sutura, ela permite cicatrizes mais discretas.
É importante deixar claro que durante uma cirurgia plástica mais invasiva, como a abdominoplastia, por exemplo, as incisões podem chegar até o músculo do paciente.
Isso significa que é imprescindível realizar um fechamento por camadas, com suturas e nós bem firmes nas áreas mais profundas para que nada saia do lugar durante o processo de cicatrização. Portanto, a maioria das cirurgias plásticas requer suturas internas.
Geralmente, elas são feitas com fios absorvíveis, que não precisam ser retirados.
À medida em que as camadas se aproximam da superfície da pele, os pontos são mais delicados e refinados, objetivando um resultado estético mais interessante para o paciente. Além disso, o fechamento da incisão na superfície é fundamental para evitar a entrada de microorganismos causadores de infecções, grandes inimigas tanto da saúde quanto do resultado esperado.
É geralmente nessas últimas camadas em que a cola cirúrgica poderá ser utilizada.
A cola tem em sua composição uma substância chamada cianoacrilato, presente nas super colas que costumamos ter em casa para, por exemplo, consertar alguma coisa quebrada. Se você já colou seus dedos com esse produto, consegue imaginar como a cola cirúrgica age e o seu poder para unir tecidos a serem reposicionados.
No caso da cola cirúrgica, o cianoacrilato passa por um tratamento químico para ser adequado ao uso médico, sendo um produto aprovado pela Anvisa. Além de garantir o fechamento da incisão, ela forma uma camada que bloqueia a entrada de microorganismos.
Afinal, qual é melhor: cola ou sutura?
Já entendemos que a cola não substitui a sutura, mas pode ser usada nas camadas mais superficiais da pele. Até o momento, não há evidência de que a cola é melhor ou pior do que as suturas.
No fim das contas, o uso desse recurso vai ser uma decisão compartilhada entre cirurgião e paciente. Um profissional experiente vai saber realizar as suturas de maneira firme, mas delicada, buscando aliar o melhor resultado estético à segurança.
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