Quis me tornar cirurgião plástico justamente pelo impacto que os procedimentos têm na autoestima das pessoas. No meu cotidiano, vejo na prática como a cirurgia plástica transforma muito mais do que a aparência das pessoas, mudando completamente a forma como elas se veem, como são vistas e, principalmente, como se sentem.
Afinal, a autoimagem influencia diretamente na forma como agimos perante o mundo, afetando os relacionamentos pessoais e profissionais. A insatisfação com as características físicas pode não pesar tanto para algumas pessoas, mas para muita gente esse pode ser um grande obstáculo na vida.
Autoestima baixa e suas consequências
Há pessoas que param de se olhar no espelho, deixam de aproveitar os momentos de lazer, não conseguem se relacionar sexualmente, não tiram fotos, se tornam reclusas… conheci muitos pacientes que passavam por problemas assim. No longo prazo, a baixa autoestima relacionada à insatisfação corporal pode levar à depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos.
Em alguns casos, isso culmina em dificuldades para se cuidar como um todo. O que antes foi somente um incômodo para tirar fotos, pode se tornar uma situação extrema em que a pessoa negligencia até mesmo a higiene básica. Isso não é incomum!
Cirurgias plásticas que restauram vidas
A cirurgia plástica reparadora, por exemplo, que envolve o tratamento de pacientes que passaram por situações deformadoras, como acidentes de trabalho, automotivos ou queimaduras, devolve a qualidade de vida para muita gente. Nesse tipo de procedimento, vamos devolver não só a estética da região afetada, como também a sua funcionalidade.
Outros casos são os de pacientes que ganharam muito peso ou tiveram excesso de pele depois de uma gestação, disfunção metabólica, menopausa ou emagrecimento. Nesses casos, a disciplina com alimentação e atividade física podem não ser suficientes para recuperar a qualidade de vida e autoestima, situação na qual a cirurgia plástica pode ser imprescindível.
Por fim, esse tipo de procedimento é uma parte importantíssima do processo de transição de gênero para muitas pessoas trans. As intervenções cirúrgicas, somadas aos tratamentos hormonais, costumam ter um papel fundamental para aliviar a disforia de gênero (desconforto extremo com as características do próprio sexo) e ajudar essas pessoas a expressar, por fora, aquilo que sentem por dentro.
Bom senso ainda é fundamental no processo da cirurgia plástica
Sei que, atualmente, a cirurgia plástica é muito banalizada. Não faltam campanhas de marketing que divulgam procedimentos e técnicas com resultados questionáveis e consequências negativas para a saúde do paciente. Além disso, infelizmente, existem profissionais que estão dispostos a operar pacientes que não têm indicação para o procedimento.
Sempre defendo o poder transformador da cirurgia plástica na vida das pessoas, porque é algo que vejo todos os dias no meu trabalho! Mas precisamos abordar esse assunto sempre com o cuidado de ressaltar que esse é um tratamento médico como qualquer outro, que oferece riscos e que precisa ser indicado com cautela.
Existem feridas emocionais que a cirurgia plástica não pode curar e reconhecer isso é parte do trabalho do cirurgião. Quando me deparo com esses casos, deixo claro que o procedimento não é indicado e que o melhor é procurar ajuda psicológica. Felizmente, esses ainda são a minoria dos meus atendimentos!
Por fim, meu maior conselho é pesquisar bastante, refletir sobre o assunto e praticar o autoconhecimento. Quando o paciente conhece a si mesmo e confia no cirurgião, as chances de satisfação e melhora na autoestima são altíssimas!
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