A mamoplastia de aumento é, sem dúvidas, um dos procedimentos que eu e muitos outros colegas mais realizamos. Para você ter uma ideia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o aumento mamário com prótese de silicone é a cirurgia plástica mais realizada em nosso país.
Esse tipo de procedimento tem sido feito aqui no Brasil há mais de trinta anos e, desde então, tanto a mamoplastia quanto os objetivos das pacientes com a cirurgia mudaram ao longo desse tempo. 
Se antes a tendência era buscar seios bem grandes e volumosos, mesmo quando esse visual não seria tão harmonioso para o biotipo da paciente, agora estamos vendo um movimento diferente: muitas pacientes querem fazer um aumento sutil nos seios e estão escolhendo próteses de tamanhos menores, com formato mais natural. 
Além disso, muito tem sido discutido a respeito do explante de silicone, que é a decisão de remover as próteses de aumento devido à uma mudança de percepção acerca da própria imagem ou mesmo por algum tipo de complicação

Valorização de seios médios, pequenos e naturais

Recentemente, notamos uma mudança muito interessante nos padrões de beleza feminino e, consequentemente, nas mamoplastias de aumento. 
Se, até poucos anos atrás, as mulheres buscavam um visual bem magro e com poucas curvas, hoje elas querem uma silhueta bem feminina, com cintura fina, quadris mais largos e bumbum redondo e empinado. 
Nos seios, já foi moda ter pouco decote e, depois, as próteses de silicone acima dos 400 ml fizeram sucesso. Agora, tem se valorizado cada vez mais os seios de tamanho médio e até mesmo pequenos e delicados, além de um visual ainda mais natural para a região do colo.
Inclusive, muitas pacientes têm buscado, na hora da mamoplastia, um decote discreto no lugar daquele colo bem marcado, típico das próteses de perfil alto.
Está se tornando também muito comum que, na hora de trocar a prótese de silicone, as mulheres optem por um modelo menor, principalmente por acharem que aqueles seios avantajados já não fazem tanto sentido. 
Acredito que esses fenômenos se devem, parcialmente, a um importantíssimo movimento de aceitação corporal e de incentivo à autoestima feminina. 
Estamos no Brasil, país de grande miscigenação e, portanto, diferentes biotipos. O papel da cirurgia plástica não deve, de maneira alguma, ser o de homogeneizar a beleza feminina, mas, ao contrário, ajudar as pacientes a se sentirem mais confiantes em sua própria pele. 
Entretanto, penso que, independentemente da tendência do momento, é fundamental orientar as mulheres a escolher a prótese que oferecerá o resultado mais harmonioso possível com o seu biotipo. 

Remoção das próteses de silicone

Uma outra tendência que surgiu em 2020 e continua recebendo atenção é o explante de silicone. Algumas famosas e influenciadoras decidiram remover suas próteses de silicone depois de apresentarem sintomas sistêmicos relacionados às próteses, a chamada “doença do silicone”.  
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, não há, ainda, nenhuma pesquisa que fundamente essa síndrome em específico, nem evidência de que a remoção do implante mamário poderia melhorar os sintomas relatados por essas pacientes. 
Muitos estudos estão sendo realizados para tentar buscar uma associação entre os sintomas chamados de doença do silicone e os implantes em si. 
Entretanto, existem muitas evidências a respeito da ASIA (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante), que consiste no desenvolvimento de reações auto-imunes em pessoas com predisposição a esse tipo de problema. Para esses indivíduos, qualquer elemento adjuvante, como o silicone ou uma vacina, por exemplo, poderia desencadear essa reação. Trata-se de um problema muito raro.
Poucos dispositivos foram tão estudados quanto as próteses de silicone e é importantíssimo que esses estudos continuem a acontecer para garantir que as pacientes possam tomar uma decisão informada a respeito da colocação ou retirada das próteses. 
Com isso dito, quero destacar alguns pontos a respeito da tendência de remover o silicone:

  • Ainda não temos testes que possam determinar se uma paciente tem ou teve doença do silicone. É necessário tomar muito cuidado porque postagens em redes sociais não são evidências científicas e muitos fatores podem estar envolvidos com os sintomas associados a esse problema;
  • Estudos científicos são realizados ao longo de anos e, justamente para serem válidos, devem passar por uma série de critérios que não acompanham a velocidade das redes sociais;
  • Próteses de silicone não são vitalícias, e fazer um acompanhamento anual é importantíssimo para ter certeza de que elas estão em bom estado;
  • A cirurgia de remoção dos implantes mamários também oferece riscos, assim como qualquer outro procedimento. 

Ou seja, quando o assunto é prótese de silicone, busque se informar para tomar a melhor decisão para você, de acordo com seus valores e sua expectativa em relação ao procedimento.
 

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